14 julho 2010

Ter cabeça grande ameniza casos de demência, indica estudo

Fonte: BBC Brasil

Portadores de demência (perda da capacidade cognitiva) com cabeças maiores que a média sofrem menos o efeito do mal do que pessoas com cabeças menores, indica um estudo feito por pesquisadores da Alemanha.

Eles constataram que portadores de mal de Alzheimer (a mais comum forma de demência) com crânios maiores tinham memória e raciocínio melhores em comparação com pacientes com cabeças menores.

A equipe, da Universidade de Munique, acredita que ter uma cabeça grande implique em maiores reservas cerebrais para compensar a perda de neurônios associada à demência.

As conclusões dos cientistas, baseadas em um estudo com 270 pacientes, foram divulgadas na publicação científica Neurology.

Estudo

Os participantes foram recrutados em bancos de dados de portadores de Alzheimer e em clínicas neurológicas nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Grécia.

Os pesquisadores mediram a circunferência das cabeças dos pacientes e os submeteram a testes de memória e de raciocínio, além de fazerem exames de ressonância magnética para avaliar o grau de evolução da doença.

Ao analisar os dados dos pacientes, os cientistas concluíram que aqueles que tinham cabeças maiores tiveram melhor desempenho nos testes quando comparados a pacientes com o mesmo grau de perda de neurônios.

Mais especificamente, para cada 1% de perda de células cerebrais, um centímetro a mais de cabeça foi associado a pontuações 6% melhores nos testes de memória.

Embora o tamanho do cérebro seja em grande parte determinado por fatores genéticos, pesquisadores dizem que o estilo de vida de uma pessoa também pode influenciar o crescimento cerebral.

Por exemplo, má nutrição ou doenças na infância podem atrapalhar o crescimento.

Infância

Os pesquisadores disseram que os primeiros anos de desenvolvimento de uma pessoa são críticos.

Aos seis anos de idade, por exemplo, o cérebro de uma pessoa já alcançou 93% do seu tamanho.

"Melhorar as condições de vida antes do parto e no início da vida pode aumentar significativamente a reserva cerebral, o que pode ter um impacto nos riscos de desenvolvimento do Mal de Alzheimer ou na seriedade dos sintomas da doença", disse o líder da pesquisa, Robert Perneczky.

Simon Ridley, chefe de pesquisas do Alzheimer's Research Trust, entidade de fomento a estudos sobre a doença, disse que é importante não dedicar muita atenção a um único fator de risco de demência, “particularmente porque não há muito o que possamos fazer sobre o tamanho das nossas cabeças".

"Os pesquisadores também sugerem que nutrição, traumatismos ou infecções na infância podem ter impacto sobre a reserva cerebral, o que indica que devemos cuidar do nosso cérebro desde o início."

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